Foto: Txai C Mendes
Foto: Txai C Mendes

Bienal do Livro do Ceará amplia participação de pequenas editoras e autores independentes

Em meio ao apinhado de estandes e corredores cheios de pessoas da feira de livros da XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, não é difícil encontrar o anfiteatro aberto da Praça Emília de Freitas. Decorada em tons de roxo, com um pequeno palco e almofadas espalhadas em volta, o espaço segue um fluxo constante ao longo do dia: a cada hora, quatro escritores apresentam seus livros, conversam com o público e fazem uma sessão de autógrafos.

“Eu não esperava conseguir lançar o meu livro na Bienal. Eu vim para participar de uma mesa com mediadores da leitura”, explicou a multiartista paraibana, Bianca Rufino, que lançou na sessão das 17h30 de sexta-feira (11) o livro “Entre”, o primeiro publicado por sua própria editora, a Selo Jirau. O convite para o lançamento foi feito durante a Bienal. Por sorte, ela tinha na bagagem alguns exemplares da obra.

Até domingo (13), serão 315 escritores com livros lançados na Praça Emília de Freitas, que tem capacidade para abrigar até 44 lançamentos por dia, distribuídos das 9h30 às 20h30. A praça é apenas um dos diferentes espaços ocupados nesta edição por autores independentes e pequenas editoras.

Desde 2019, a Bienal do Livro mantém o estande da Quadra Literária, onde livros de diversos autores são comercializados pela livraria responsável pelo espaço. Os escritores independentes, como explica a coordenadora geral da Bienal, Maura Isidório, são previamente selecionados, por meio de um chamamento público. Além de ter os livros vendidos, alguns destes escritores realizam lançamento dos livros no espaço.

Cativando leitores

Outra forma do escritor independente encontrar com o público, para além dos lançamentos e rodas de conversa, é estar presente na feira e vender pessoalmente os livros. “Nós inauguramos um novo local para os nossos escritores independentes, que foi o Espaço da Palavra. Só lá, estão expondo 199 autores, todos cearenses ou radicados no Ceará”, reforçou a coordenadora, sobre o novo espaço. Diferente da Quadra Literária, o Espaço da Palavra foi pensado para que os próprios escritores pudessem expor suas obras e ter contato com o público.

Os estandes são ocupados, ao longo do dia, por diferentes escritores, o que proporciona atender a um número maior de autores e dar uma maior dinâmica ao espaço, que, dependendo do dia e da hora que for visitado, terá sempre algo de diferente.

“Acho importantíssimo estar na Bienal e ter esse contato com o público. Nós somos trabalhadores da cultura. Uma coisa é escrever um livro, outra é fazer literatura. Estamos fazendo literatura”, argumenta a escritora Kelly Cortez. Ela participa do Espaço da Palavra com um coletivo de escritores, o Grupo Raiz, que inclui ainda Vera Marques, Sandra Fontenelle, Rosinha e Jonas Serafim.

Outro coletivo representado no espaço é o Brota, que reúne 19 jovens escritoras. Entre elas, está a poeta Beatriz Caldas, que no último domingo (06), lançou “Dicionário de palavras etéreas”. A autora também reforça a importância de estar numa Bienal para o escritor independente. “O escritor tem que se fazer presente num evento como a Bienal. Além de se consolidar como escritor, vai consolidar seu leitor. Te coloca em contato com o leitor”, argumenta Beatriz. A autora lembra que foi na Bienal o espaço em que conseguiu lançar o seu primeiro livro, na edição de 2022. Na época, ela teve que dividir com uma amiga cordelista um estande na Praça do Cordel.

“Esse ano foi bem mais acessível. Reunimos um coletivo de escritoras e nos inscrevemos para o Espaço da Palavra. Eu também consegui lançar meu segundo livro dentro da programação e participar de uma roda de conversa”, comemora a autora.

O número total de autores independentes na programação da Bienal é difícil de ser estimado, segundo Maura Isidório, tendo em vista que além dos espaços dedicados a eles, os autores participam de atividades nos diversos ambientes da feira, como o Café Literário, o Espaço Natércia Campos e a Arena Henriqueta Galeno. Além dos espaços oficiais, acontecem diversos lançamentos nos estandes dos expositores e das editoras que participam da Bienal.

XV Bienal Internacional do Livro do Ceará

Com o tema “Das fogueiras ao fogo das palavras — Mulheres, resistência e literatura”, a XV Bienal Internacional do Livro do Ceará tem como foco principal debater a presença de mulheres na linguagem artística. O evento contou com curadoria de quatro importantes nomes: Sarah Diva Ipiranga, Amara Moira, Nina Rizzi e Trudruá Dorrico. 

Gratuita, a programação acontece dos dias 4 a 13 de abril, no Centro de Eventos do Ceará, com atividades como palestras e shows, além da famosa feira do livro. Para saber o que está previsto para cada dia, basta acessar o site oficial (bienaldolivro.culura.ce.gov.br) ou o Instagram (@bienaldolivroce). 

O evento é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento conta com o patrocínio do Banco do Nordeste, Rede Itaú, Cagece e Cegás.

Serviço:

Bienal Internacional do Livro do Ceará 
Quando: 4 a 13 de abril, das 9h às 22h
Onde: Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares
Gratuito e aberto ao público
Programação no site: https://bienaldolivro.cultura.ce.gov.br 

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