RPG na Bienal Internacional do Livro do Ceará? Ambos se cruzam no momento em que as histórias e imaginação entram em jogo e seus personagens ganham narrativas
O horror, a fantasia… ou melhor, a narrativa de histórias imaginadas ocuparam as mesas do Foyer da Sala Pagu, no 2º Mezanino, na manhã deste sábado, 12 de abril. A Arena RPG deu início às atividades da programação, saudando os jogadores interessados e os convidando para tomar um lugar nas sessões que estavam para começar.
A atividade faz parte da programação do eixo Literaturas e Juventudes, que propõe explorar outras maneiras de narrativas para esses jovens, como a poesia cantada no slam — aponta um dos coordenadores do espaço, Dmitri Gadelha, que está responsável pela arena dos jogos narrativos.
Contextualizando, o RPG, ou Role-Playing Game, é um jogo onde o jogador interpreta um personagem, conduzindo-o dentro de uma história que é administrada por outro participante, intitulado mestre do jogo. Mas, qual a relação entre esse tipo de jogo e a XV Bienal Internacional do Livro do Ceará?
“É um jogo [o RPG] que a todo momento os participantes estão criando a história, desenvolvendo narrativas tanto dos seus personagens, como também narrativa coletiva — aquela aventura que se desenrola, aquele conto de horror que é explorado. Estar dentro da Bienal com o RPG é mostrar que existem diversas vertentes de se construir e vivenciar histórias”, arremata o coordenador Dimitri.
Para Eloísa Marques Rodrigues, de 50 anos, o jogo é nostálgico, pois recorda ter participado de sessões durante a graduação de Letras na Universidade Federal do Ceará, em um grupo que recebia pessoas de várias faixas etárias diferentes. “Jogávamos clássicos, como ‘Dungeons and Dragons’, e os tradicionais dos livros de criar o personagem do zero, dos quais tinha uma preferência pelos medievais”, rememora.
O apreço pelo RPG foi passado de mãe para os dois filhos. Eloísa lembra que o mais velho, já falecido, gostava muito do jogo e que agora a paixão foi repassada ao mais novo, Miguel Rodrigues Gomes, de 15 anos. “Ele tem transtorno do espectro autista (TEA). Para ele que tem dificuldade de socialização, é mais importante ainda [jogar RPG]”, afirma.
“Miguel está participando de uma terapia ocupacional com um psicólogo especializado em RPG e ele foi o único que conseguiu conquistá-lo para voltar a ter amigos, porque ele não queria conversar com ninguém. O TEA regrediu e ele se fechou para o mundo, não queria mais [falar]. Foi por meio do RPG que voltou a ter vontade de fazer amizade”, compartilha.
Miguel, que aguardava um amigo para participar de uma sessão, disse que aprecia a possibilidade que o jogo oferece de imergir em um mundo que ele ou outra pessoa criaram, e mergulhar “nas fantasias e imaginação”. “É a parte que mais gosto do RPG. Claro que estou [animado]. Descobri um dos poucos locais em que posso jogar RPG físico”, celebra, se referindo a arena.
O que é preciso para participar da Arena RPG?
A Arena RPG estará com atividades durante dois dias na Bienal do Livro do Ceará, em 12 e 13 de abril, acompanhadas de 12 monitores que comandarão as sessões. Não é preciso ter experiência para participar de uma mesa, mas é necessário ter mais de 14 anos. “Nossa equipe é treinada para poder te ensinar como jogar aquele jogo especificamente. Cada mestre escolheu a sua seleção de jogos e está preparado para ensinar”, explica Dmitri.
As narrativas oferecidas são várias: o clássico “Dungeons and Dragons” (D&D), que em 2024 completou 50 anos do lançamento da primeira edição, o de terror “Cthulhu”, baseado na obra de H.P Lovecraft, e outros mais atuais e nacionais. “Temos uma produção de RPGs nacionais como, por exemplo, o “Tormenta”, que nasceu no RPG, mas atualmente é transmídia, com quadrinho e audiovisual”, aponta.
“Pode ser jovem de 14 anos ou de 80 anos, se quiser vivenciar o RPG, chegue aqui com a gente. Só é preciso ter vontade de jogar e imaginação”, convida Dmitri, acrescentando que não há limite de participação em mesas.
XV Bienal Internacional do Livro do Ceará
A Bienal Internacional do Livro do Ceará é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento conta com o patrocínio do Banco do Nordeste, Rede Itaú, Cagece e Cegás.
Serviço:
Bienal Internacional do Livro do Ceará
Quando: 4 a 13 de abril, das 9h às 22h
Onde: Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares
Gratuito e aberto ao público
Programação no s–ite: https://bienaldolivro.cultura.ce.gov.br
