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Escrever para sobreviver: Bienal destaca a força transformadora da escrita para as mulheres

A edição deste ano da Bienal Internacional do Livro do Ceará traz a mulher para o centro do debate. A escrita feminina foi tema de palestra e debate neste domingo (06), com a participação de escritoras de diferentes origens, idades e trajetórias. Em comum, está a força que elas encontraram na palavra para transformar suas vidas.

O caso da farmacêutica e icônica ativista pelo direito das mulheres, Maria da Penha, traduz bem o tema escolhido para o evento: “Da fogueira ao fogo das palavras”. Ela participou de uma roda de conversa sobre sua trajetória ao lado da vereadora e Procuradora Especial da Mulher de Fortaleza, professora Adriana Almeida.

Vítima de duas tentativas de assassinato pelo ex-marido, Maria da Penha enfrentou um longo processo judicial, marcado por negligências e uma série de decisões desfavoráveis, que quase levaram à prescrição do caso.

“No momento em que vi que o julgamento seria anulado pelo machismo do judiciário, comecei a escrever o livro ‘Sobrevivi… posso contar’ (Armazém da Cultura). Se o Poder Judiciário não teve a capacidade de punir o agressor, quem lesse o livro o condenaria”, recorda Maria da Penha. O livro, publicado em 1994, foi determinante no percurso da ativista, que somente em 2002 viu seu agressor ser condenado – o caso ocorreu em 1983.

Escrever sobre sua vida, explica Maria da Penha, aproximou sua luta a de outras mulheres e deu força ao caso, que além da condenação do ex-marido resultou na promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006, ampliando a proteção a mulheres vítimas de violência.

Jovens escritoras

Em outra mesa redonda, na tarde de domingo (6), cinco jovens escritoras partilharam suas experiências de vida com a literatura. Elas participaram da roda de conversa “Escrever para Existir: O lugar das mulheres na literatura”, parte da programação Literatura e Juventudes.

“A escrita é a minha vingança. Foi a forma que encontrei para expressar aquilo que não podia. Escrever é um caminho para que as mulheres tenham o domínio das narrativas que lhes foram negadas”, definiu Kaye Djamiliá, sobre os motivos de ter virado escritora.

Kaye é artista multilinguagem e arte educadora, tendo estreado na literatura em 2023, com o livro “Sangue Torcido”. Com ela, participaram da mesa as escritoras Sabrina Morais, Taciana Santos, Beatriz Caldas e Bruna Sonast.

Para Beatriz, a escrita foi um caminho para se colocar no mundo, vencendo a timidez e expressando seus sentimentos. “Eu tinha medo de chegar nas pessoas e precisava que elas chegassem a mim”, lembra, definindo a escrita como um caminho para se materializar.

Serviço:

Bienal Internacional do Livro do Ceará
Quando: 4 a 13 de abril, das 9h às 22h
Onde: Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares
Gratuito e aberto ao público
Programação no site: https://bienaldolivro.cultura.ce.gov.br

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