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Jam Session para Bebês faz um cativante espetáculo dedicado à primeira infância

A XV Bienal Internacional do Livro do Ceará também tem programação infantil, com cinco diferentes salas do 1º Mezanino do Centro de Eventos sendo ocupadas da manhã até o fim da tarde com rica programação durante todos os dias da Bienal. Porém, mesmo dentro desses espaços, é desafiador realizar uma programação pensada especificamente para a primeira infância, onde as crianças podem ter dificuldade de manter a atenção em um bate-papo ou mesmo contação de história. Esse é mais um motivo para celebrar o espetáculo Jam Session para Bebês, montado pelo ator e produtor de teatro Well Fonseca, do grupo Zepelim Arte para Infância, com apoio musical do convidado Ayrton Pereira Bob.

Antes do espetáculo começar, a sala fica bem agitada da forma, tipicamente, infantil. Existe um espaço demarcado no piso, com um tapete verde por cima de tatames de EVA. Cerca de 20 pares de mães e crianças estão posicionadas ao redor do tapete, embora haja vários dos pares incompletos, por causa de crianças correndo pela sala, pelo palco, por todo lugar. Mas começa o piano convidativo de Bob, e a entrada de Well no “palco”, e rapidamente as crianças ficam cativadas, todas ao redor do tapete, com uma única criança correndo para longe, apenas para chamar sua mãe para sentar mais perto do espetáculo.

No último momento da apresentação, as crianças ficam relaxadas. De pouco em pouco, o ritmo da música e do ator aumentam, com uma simples agitação das mãos virando uma dança e depois uma imitação de animais. Três crianças se levantam e passam a seguir e imitar Well, depois oito, depois doze. Fazendo uma imitação de leão, ele pula e elas pulam junto, e depois pulam em cima dele, tentando atacar o leão maior, que aceita os ataques por algum tempo até se desvencilhar.

O espetáculo é desafiador para o ator, que afirma que precisa estar preparado psicologicamente, fisicamente e pedagogicamente. “Pedagogicamente é a situação que eu estou ali disponível a ouvir e ver as crianças para que eu possa reagir a elas, e não necessariamente estar me apresentando a elas. No momento em que eu reajo a ela, ela também reage a mim, e aí a gente começa a fazer uma troca”.

Well começa a introduzir objetos à cena, tirando de um cesto vários panos e lenços para distribuir entre as crianças. Duas crianças fazem um cabo-de-guerra por um longo tecido, um pequeno momento de conflito rapidamente resolvido quando o artista tira vários chapéus do cesto, uma abundância de bibelôs para entreter os pequenos. Um longo pano é usado por ele como capa enquanto corre pelo palco, depois pelas crianças quando atacam o adulto “cansado” e o enrolam no pano e, por fim, por ele novamente, quando se liberta do ataque das crianças e as amarra, cinco crianças “capturadas” enquanto o artista sai pulando vitorioso. O cesto tem alguns itens diferentes para cada apresentação, mas a ideia é sempre a de engajar as crianças de diversas formas.

Eventualmente, Well puxa do cesto seu último item: um livro. Nada mais próprio para a Bienal. O artista busca o microfone pela primeira vez na apresentação, e, depois de deixar as crianças brincarem um pouco com ele (brincadeira focada em gritar), levanta o microfone fora do alcance das crianças com uma mão, abre o livro com a outra, e começa a declamar um poema de Pedro Bandeira: “Mais respeito, eu sou criança.”

E é esse respeito às crianças que faz o espetáculo ser tão bem recebido. Well faz teatro voltado para a infância desde 2017, e sempre conviveu com crianças que gostavam de entrar no meio do espetáculo, daquela forma curiosa que crianças podem ser. Depois de um tempo, “surgiu a ideia de, ‘poxa, e se tivesse um trabalho que realmente fosse pra elas entrarem, pra elas se divertirem, pra elas pularem?’ E foi aí que surgiu a Jam Session Para Bebês, inspirada nas jams de jazz”, shows marcados pela virtuosa improvisação dos músicos.

Well une com maestria os dois lados da proposta, a virtuosidade e a dedicação às crianças. “Como ator, eu sinto que estou num lugar de muita liberdade. Não tem aquele texto, aquela memorização de cenas ou de personagens, mas eu tô num lugar de experimentação, onde eu posso transitar entre o onírico, o lírico, o sônico, posso ser um grande contador de histórias a partir da minha movimentação. E uma grande gratificação é ver o sorriso das crianças. No final elas me abraçam, elas perguntam quando é que vai ter de novo. Elas não ficam com medo de mim, pelo contrário, quando chegam estão desconfiadas, e no final querem mais”, diz ele. A Jam Session Para Bebês não está programada para outros dias desta Bienal, mas vários outros programas voltados para a infância ainda estão por vir até o encerramento das atividades no domingo, dia 13, com outros objetos num cesto mágico repleto de possibilidades.

A Bienal é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar (ISoDM), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento conta com o patrocínio do Banco do Nordeste, Rede Itaú, Cagece e Cegás.

Serviço:

Bienal Internacional do Livro do Ceará
Quando: 4 a 13 de abril, das 9h às 22h
Onde: Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares
Gratuito e aberto ao público

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