Foto: Gabriel Sousa
Foto: Gabriel Sousa

Mesa discute sobre o impacto do livro na cultura e na educação na Bienal do Livro do Ceará

Com objetivo de discutir o mercado editorial brasileiro, o eixo “O Livro e seus Mercados” traz em sua programação mesas com temáticas sobre obras literárias, consumo e leitores

Importante espaço da XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, o eixo “O Livro e seus Mercados” teve nesta terça-feira, 8 de abril, seu segundo dia de atividades. A primeira mesa foi “Leitura e Sociedade: O impacto do livro na cultura e educação”, com participações do consultor José Castilho Marques Neto e da diretora da EdUece, profa. Cleudene Aragão, sob mediação de Sarah Diva Ipiranga, uma das curadoras da Bienal.

O momento, iniciado às 14 horas, contou primeiro com uma breve fala da coordenadora do eixo, Mileide Flores, que apontou a importância de debater sobre o mercado editorial e formação de leitores. “Não adianta estar dizendo que livrarias e editoras estão fechando, mas estão nascendo outras e em outros formatos. Não adianta mais vir para esse debate apenas preocupado [por estar fechando]. Mas por que está fechando? Se você dentro do mercado não tem o seu cliente, aquele que por prazer vai comprar seu livro ou ler na biblioteca, então temos um problema”, pontuou sobre a fase “nebulosa do mercado brasileiro”.

O mercado, inclusive, foi o tema da primeira pergunta de Sarah Diva às pessoas presentes, que os levou a pensar sobre como as respectivas áreas de atuação de cada um funcionam dentro desse sistema. Claudene foi sucinta ao dizer que tem “a personalidade da política pública” que torna o acesso ao livro livre, mas que o “mercado é uma espécie de ecossistema que permite que o livro sobreviva”. Já o consultor, José Castilho, olha para o mercado sempre prestando atenção no leitor, afirmando que, durante o processo de criação de uma editora, é importante entender e conceituar com quem se deseja dirigir e como.

O ápice do debate com os professores foi o falar sobre o acesso ao livro ao longo dos últimos anos. Durante sua fala, a diretora Cleudene Aragão seguiu por importantes caminhos, como as ações promovidas pela Bienal e outras políticas públicas de incentivo à leitura, mas enfatizou a necessidade da formação de leitores.

“A política cultural tem que passar não apenas pelo acesso material às coisas. Sim, tem que ter biblioteca, compra de acervo; tem que ter equipamento cultural, mas tem que passar também pela conquista [de leitores]. Aquilo que estamos falando há 10 anos: formação de plateia —- que no nosso campo é formação de leitores”, arrematou. E completou: “Precisamos continuar investindo em formação de plateia, não que não tenha plateia, mas porque a população mais pobre, ou que está mais longe, às vezes não acredita que aquilo pode ser dela, que ela pode entrar naquela biblioteca que passa na frente, se cadastrar e levar um livro”.

José Castilho corroborou com a questão, afirmando que “não há como pensar na pergunta sem perceber que a evolução, o acúmulo, o recuo e o retrocesso da leitura no Brasil vai se dar na proporção que se constrói uma sociedade mais inclusiva e democrática, ou não”. “Temos que ser rigorosos em relação às políticas públicas. Elas não são algo que devam ser marcas de pessoas, tem que ser de instituições e, principalmente, das questões que estão ligadas aos nossos direitos — que precisam começar a ser respeitados no Brasil”, sustentou.

Além de responder perguntas feitas pela mediadora, os convidados também tiveram um momento respondendo perguntas do público que esteve presente na Arena Bece para acompanhar a mesa. Para encerrar a atividade, Claudene leu um poema da escritora cearense Maria Teresa Leite.

O Livro e seus Mercados

O eixo “O Livro e seus Mercados” encerrará sua programação nesta quarta-feira, 9 de abril, com duas mesas. A primeira iniciará às 14 horas, trazendo como tema “O mercado de livros digitais: e-books, audiobooks e novas plataformas de leitura”, com participação dos autores Anna K., Nathan Matos e Raymundo Netto. Com previsão para encerrar às 15h30, a atividade será mediada por Talles Azigon, da editora Substância.

Em seguida, das 15h45 às 17h15, a mesa “Premiação literária, desafios e oportunidades: o que muda?” trará Marília Lovatel, Patrícia Cacau e Ademario Payayá, sob mediação de Mileide Flores. As duas atividades acontecerão na Arena Bece, com lugares preenchidos por ordem de chegada.

XV Bienal Internacional do Livro do Ceará

A XV Bienal Internacional do Livro do Ceará é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento conta com o patrocínio do Banco do Nordeste, Rede Itaú, Cagece e Cegás.

Serviço

Bienal Internacional do Livro do Ceará
Quando: 4 a 13 de abril, das 9h às 22h
Onde: Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares
Gratuito e aberto ao público
Programação no site: https://bienaldolivro.cultura.ce.gov.br

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